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quarta-feira, 24 de julho de 2013

Água-viva e seus ferrões

Certa vez, durante o meu período de vendedor extra-natal, alguns dos meus colegas de trabalho (entre eles dois biólogos) me questionaram quanto ao termo que usei: “ferroada de água-viva”.  Vamos dissecar a anatomia, os procedimentos que levam as pessoas a terem dolorosas “queimaduras” e se o jargão de ferrão vale ou não ser usado.
Segundo a etimologia da palavra, ferrão, no dicionário mini Aurélio de 2001:

1. Aguilhão.
2. O dardo dos insetos.

Talvez os meus colegas tenham-se espantado com o argumento de ferrão, pelo fato de ferrões estarem intrinsecamente relacionados a insetos e claro à figura de um dardo pronto para perfurar e lhe causar dor.
No caso da água-viva e demais cnidários, não é muito diferente, o ferrão tem como única importância a de injetar seu veneno (como uma agulha de uma seringa), seja para se defender ou caçar.
Só que no caso das águas-vivas o seu aparato de ferrões estão localizados nos seus tentáculos, e ao contrário dos insetos, seus ferrões são microscópicos  e são formados individualmente por células.
Cada célula dessas, chamada cnidoblasto apresenta ainda um cnidocílio (que funciona com um gatilho) e o nematocisto, que funciona como um arpão (o ferrão em questão), com uma ponta afiada e com “espinhos” na sua ponta para facilitar a sua penetração, o veneno é produzido pelo complexo de golgi e tem o caráter urticante (por isso a associação com queimação no local).
Resumindo os fatos, você encosta acidentalmente nos tentáculos de uma água-viva, simultaneamente você entra em contato com milhões de cnidocílios (lembre-se, estes são os gatilhos do ferrão), com interações físicas e químicas o arpão (nematocisto) é lançado por pressão osmótica e química, penetra à pele e lança o veneno na sua corrente sanguínea.

Em termos práticos, sim podemos dizer que o nematocisto desses animais são como ferrões, preparados para injetar e anatomicamente perfeitos para perfurar como qualquer ferrão de inseto.

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