Certa vez, durante o meu período de
vendedor extra-natal, alguns dos meus colegas de trabalho (entre eles dois
biólogos) me questionaram quanto ao termo que usei: “ferroada de
água-viva”. Vamos dissecar a anatomia,
os procedimentos que levam as pessoas a terem dolorosas “queimaduras” e se o
jargão de ferrão vale ou não ser usado.
Segundo a etimologia da palavra,
ferrão, no dicionário mini Aurélio de 2001:
1.
Aguilhão.
2.
O dardo dos insetos.
Talvez os meus colegas tenham-se espantado
com o argumento de ferrão, pelo fato de ferrões estarem intrinsecamente relacionados
a insetos e claro à figura de um dardo pronto para perfurar e lhe causar dor.
No caso da água-viva e demais cnidários,
não é muito diferente, o ferrão tem como única importância a de injetar seu
veneno (como uma agulha de uma seringa), seja para se defender ou caçar.
Só que no caso das águas-vivas o seu
aparato de ferrões estão localizados nos seus tentáculos, e ao contrário dos
insetos, seus ferrões são microscópicos
e são formados individualmente por células.
Cada célula dessas, chamada
cnidoblasto apresenta ainda um cnidocílio (que funciona com um gatilho) e o
nematocisto, que funciona como um arpão (o ferrão em questão), com uma ponta
afiada e com “espinhos” na sua ponta para facilitar a sua penetração, o veneno
é produzido pelo complexo de golgi e tem o caráter urticante (por isso a
associação com queimação no local).
Resumindo os fatos, você encosta
acidentalmente nos tentáculos de uma água-viva, simultaneamente você entra em
contato com milhões de cnidocílios (lembre-se, estes são os gatilhos do ferrão), com interações físicas e químicas o arpão (nematocisto) é lançado por pressão
osmótica e química, penetra à pele e lança o veneno na sua corrente sanguínea.
Em termos práticos, sim podemos dizer
que o nematocisto desses animais são como ferrões, preparados para injetar e
anatomicamente perfeitos para perfurar como qualquer ferrão de inseto.
Boa, my patroll.
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